A não ser que você seja um marciano e chegou ontem aqui na
Terra, você provavelmente já ouviu as expressões: “minha filosofia de vida é...”,
ou “a filosofia de nossa empresa defende que...”. Mas afinal o que isso
representa?
Começaremos pela etimologia da palavra, ou seja, sua origem e
evolução. Philosophia vem do grego, philo (amor ou amizade) + sophia (sabedoria) e pode ser traduzida
por “amor a sabedoria”. Então o filosofo
pode ser entendido como aquele que tem amor ou amizade pela sabedoria e que
busca o conhecimento.
A filosofia nasce com a necessidade do ser humano de
interpretar a vida e por isso mesmo durante séculos fez uso dos mitos, que são historias
que recontam as diversas situações encontradas na sociedade, representam a
cultura e são passadas de geração para geração. Em seguida, passa contar com
maior estrutura lógica do pensamento e assim surgem os filósofos que têm seus
pensamentos transmitidos até os dias atuais. Esses pensamentos são defendidos e
refutados ao longo da história e contam com diversas interpretações de outros filósofos.
Atualmente a filosofia vem ganhando espaço no Brasil por
conta do seu retorno como disciplina obrigatória no ensino médio a partir de 2008 e
também por ocupar maior espaço na mídia, porém, acho que você ainda se pergunta o que
caralho é a filosofia, não é? Vamos pensar um pouco.
Como você aprendeu sobre a filosofia? Provavelmente em uma
sala de aula com um professor passando textos enormes e nas apostilas com
conteúdo enxugado e resumido que pouco faz sentido na sua vida, certo? Se for
isso, você está entre a maioria no Brasil, a filosofia muitas vezes é
confundida com erudição, inclusive há quem defenda que não deve ser ensinada na
escola regular e que a serve apenas para pesquisa acadêmica. Coisa
que acho de grande demência, pois, se a filosofia nasce como uma espécie de
ferramenta para interpretação da vida, porque a deixarmos de fora justamente
das situações cotidianas?
Para o estudo da filosofia é necessário dedicação e esforço,
até porque a maioria dos filósofos possui linguagem complexa e sistemática e
que normalmente confunde o leitor que não é iniciado nos estudos filosóficos.
Porém, nada adianta compreender um texto filosófico se não conseguir encaixar suas ideias na vida, veja, imagina você entender todo o sistema da lógica de
Aristóteles e não conseguir utilizar aquilo no cotidiano, complicado não é? Por
isso mesmo que a filosofia tem que fazer sentido. E isso só fica mais fácil quando
a encaixamos em nossa vida. E vale lembrar que o exercício da filosofia é
justamente o de interpretar a vida, e, sabendo que existem bilhões de vidas
seria impossível chegar a uma verdade universal, porque, além disso existem bilhões
de interpretações com inúmeras possibilidades.
Para o exercício da filosofia também é importante
questionar. Provavelmente a humanidade não evoluiria sem os questionamentos dos
grandes pensadores, e ficaríamos no status
quo (situação em que a mudança não ocorre) para sempre. Porém, não é o
questionamento apenas. Tudo bem! Eu sei que você quer ser o
diferentão e sair questionando tudo e todos, mas antes de fazer isso convido a
você a pensar mais um pouco.
Você com certeza conhece o jogo para smartphone que atualmente
virou febre, o PokemonGo (isso mesmo, tudo junto), muito bem, você não precisa jogar
ou gostar, mas já se perguntou o porquê você não gosta? Será que você está
sendo do contra simplesmente para ser o diferentão? Sinto muito, mas você se
fodeu nessa. Gente do contra tem aos montes e a exclusividade de ser do contra
não é sua. Então o que é questionar?
Para questionar é preciso autonomia. E a autonomia não é
tarefa simples, pois vivemos em sociedade e por ela somos influenciados (e
também influenciamos), mas você começa o questionamento justamente com perguntas
do tipo: “Por que eu não gosto disso?” ou “Por que eu gosto?” ou então “Qual o
fundamento disso?” e etc... Ou seja, você percebe que a filosofia requer questionamentos e este ganha sentido ao não aceitar verdades prontas que lhe são dadas.
Então, mais do que tudo, a filosofia não tem como objetivo a
busca pela verdade absoluta e nem a imposição de dogmas, pelo contrário, busca
o questionamento da vida e a melhor compreensão das possibilidades que conduzem
nossas vivências.
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